Indigo Boy

Monday, February 05, 2007

Um novo dia

Hoje decidi abordar a questão do aborto.

Andei a passear por 2 blogs (um de cada opção) e cheguei à conclusão que, mais uma vez, parece uma discussão da testosterona em que cada um diz que o bairro dele é o maior da cidade. Nos dois blogs que visitei, e que tenho em link, cerca de 90% dos posts e comentários são de homens (a percentagem é maior no do não). Será que para eles, como para o professor Marcelo, as mulheres não têm direito a opinar sobre algo que as afecta muito mais que aos homens?

Para que fique claro, eu sou contra o aborto.
Para que fique mais claro ainda, vou votar Sim.
Passo a explicar as minhas razões. Primeiro que tudo, para mim a questão que está em jogo neste referendo é a penalização ou não das mulheres que fazem abortos. Leram bem? As mulheres. Nunca vi o "pai" do feto ser pronunciado como cúmplice (no caso de estar a dizer algum disparate corrijam-me). Em segundo lugar, na lei, a "criança" só tem direitos a partir do momento em que nasce, ou se quiserem, pode ter direitos antes de nascer mas que só se tornam efectivos após bom nascimento. Isto revela alguma incongruência porque o aborto é proibido com base no facto de que se está a "matar" uma vida mas não é considerado homicídio. Se alguem me conseguir explicar a razão destas incongruências tambem agradeço. Tenho uma opinião sobre o assunto mas fica para mim (por enquanto). Em terceiro lugar, se os fetos não têm personalidade jurídica, quem sou eu, ou quem quer que seja, para julgar outra pessoa por fazer um aborto. Até porque considero que nenhuma mulher fica insensível ao facto de abortar. Que seja a sua consciência, já agora a do pai tambem, a julgar os seus actos. Em quarto lugar, devido a considerar o aborto uma questão de consciência, acho que não devo obrigar ninguem a agir segundo as minhas próprias convicções. Por último aparece o argumento religioso (tinha de ser). Os católicos tem a mania de julgar os outros segundo os seus principios e dogmas mas esquecem-se que uma das coisas que não podem fazer é julgar os actos dos outros. Essa prerrogativa está reservada a Deus.

Estes não são todos os meus argumentos mas são os principais e a base da minha escolha de voto. Podem argumentar que é uma questão de regras de vida em sociedade mas para isso remeto para o argumento legal. O feto não tem personalidade jurídica.

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2 Comments:

  • At 1:45 pm, Blogger Leonor said…

    "Regras e vida em sociedade" ou de consciência pessoal sem necessidade de imposição legal?
    Quanto ao resto, cito penas a Clara Ferreira Alves na sua (habitualmente brilhante) "Pluma Caprichosa desta semana: "Habituamo-nos tanto, as mulheres e as mulherzinhas, a que os homens debatam o nosso corpo e o nosso destino, comandem a nossa vida e a nossa decisão, que ninguem parece achar estranho que num momento em que as mulheres deviam mobilizar-se para pensar e votar, sejam os homens a terçar armas por causa nossa."

     
  • At 12:24 am, Anonymous Anonymous said…

    Indigo, absolutamente fantástico o comentário sobre o aborto. Não podia concordar mais. Continua assim

     

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